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segunda-feira, 20 de junho de 2016

Z: Parte 11

5 horas atrás...

No escritório as cartas ficavam jogadas em cima da mesa. Por ser um lugar calmo, às vezes eram deixadas lá e demoravam a serem lidas. Quem costumava passar mais tempo naquele local era Nitch, lá ele tinha acesso as câmeras de vigilância de todo o local, computador que suportava seus jogos que gostava de jogar para passar o tempo e acesso fácil a praticamente todos os locais disponíveis dentro do laboratório.
Neste dia aconteceu algo que não era comum. Havia alguém chegando. As câmeras captavam que havia um possível visitante chegando, isso não era normal, aquele local nunca era visitado. Nitch se inclinava para tentar visualizar o rosto do visitante dentro do carro:

- Não... - Disse em voz alta como se estivesse apavorado.

Começou a revirar as cartas na mesa e encontrou o que procurava. Uma carta oficial da diretoria. Rasgou o envelope imediatamente retirando o conteúdo interior. Um documento avisando que neste dia o Doutor Rui viria inspecionar o local por estarem insatisfeitos com os relatórios sobre o desenvolvimento das pesquisas. Não havia mais tempo, ele estava ali. Não tinha chance alguma de barrá-lo, ele possui o cartão de acesso de nível máximo, ou seja, ele pode andar como um fantasma por todos os quartos, acomodações, laboratórios... Tudo! Ele simplesmente atravessa qualquer porta graças ao nível de acesso daquele cartãozinho. Nitch precisava avisar a Myca.

- EU NÃO ACREDITO, NITCH! COMO VOCÊ DEIXA UMA CARTA DE TAMANHA IMPORTÂNCIA ASSIM JOGADA? - Myca estava um isto de fúria e desespero.

- Myca, se acalma! E para de gritar! Ele pode chegar a qualquer momento aqui nesta sala ou em qualquer uma outra sala. Temos que agir naturalmente, espera ele ir embora e deixo você berrar o quanto quiser comigo.

- Ok... - Respirou fundo. - Mas o que iremos fazer agora? Não tivemos mais nenhum progresso com nenhum dos internos.

- Eu não sei, Myca. Eu também gostaria de ter essa resposta.

- E eu também! 

Irrompeu uma voz diferente direto da entrada da sala do laboratório. Era ele. Doutor Rui. Ele estava lá e pelo jeito ouviu a conversa de camarote.

- É engraçado saber o quão incompetente vocês dois podem ser. Aqui vocês tem apenas quatro pacientes e não conseguem um mísero progresso nas nossas pesquisas, isso sem mencionar o deslize de vocês, mas depois nós resolveremos isso. É por isso que sempre fui contra as exigências daquele inútil do Dr. Villas.

- NÃO OUSE FALAR DO MEU PAI! - Explodiu, Myca que já estava com os nervos aflorados pelo deslize de seu colega de trabalho.

- Eu não dirigi a palavra à você, menina insolente. Ponha-se no seu lugar. Você está aqui pela influência do seu pai e não pela sua competência. Agora... Eu quero ver os internos, um deles me intriga. Quem é o tal de Lucas que vocês tanto falam nos relatórios. Como costumam chamá-lo mesmo? Z?

Muito foi conversado e passado para o Doutor. Todos os testes, Pesquisas, Avanços. Regressos. Tudo. Agora ele tinha total conhecimento de todos os três internos e suas características. Dr. Rui vistoriou todos os locais possíveis de todo o prédio, em seguida foi até o interno que mais o intrigava, Z. Num momento de descuido de Z o Doutor aplicou uma substância injetável no rapaz. Aproveitou um momento de susto em que a adrenalina obteve um pico e aplicou sem maiores problemas a injeção. Em pouco tempo Z estava mais lento e começava a perder os sentidos até apagar completamente selado em uma cadeira.

- Iniciem o processo de calibração mental, agora! Este é um sujeito raro. E não quero que vocês cometam o mesmo erro que fizeram com o X.

Nitch não sabia o que fazer. Olhou para Myca com um olhar de "E agora?" . Myca interviu:

- O Senhor não pode fazer isso!

- Desculpe, acho que não fui claro quanto a sua insignificância... - Debochou.

- Pode parar! Você acha que pode vir aqui e fazer o que bem entende? Não é assim que as coisas funcionam! A carta dizia que você faria apenas uma visita para vistoriar e não alterar o rumo das pesquisas.

- Quem cuida das cartas desse local?

- O Nitch, por quê? Não mude de assunto!

Dr. Rui virou para Nitch com uma expressão de reprovação:

- E cuida das câmeras de vigilância também, eu presumo. Isso explica o que aconteceu com o X. Pelo jeito a cegueira do seu pai deve ser hereditária.

Nitch era extremamente afetado quando seu pai se tornava o assunto. Ele simplesmente se tornava frágil e sensível, um filhote. Vendo a humilhação do amigo, Myca não pôde se conter e deu um passo à frente para defendê-lo. Dr. Rui num ato extremamente rápido puxou de dentro do jaleco um envelope e o jogou bem na cara da menina que avançava em sua direção dele furiosa:

- O que é isso? Você é louco?

- Oh... Me desculpa, moça. É meu primeiro dia como carteiro. Essa carta estava jogada lá na entrada. Pelo jeito entregaram e ninguém se prestou a recolher.

Era uma outra carta da diretoria confirmando a visita de Rui e por fim cedendo-lhe o poder de interferência em qualquer assunto no qual ele notasse alguma irregularidade ou problema. Ele não tinha apenas aquele cartão de acesso máximo. Ele tinha carta branca para fazer o que bem entendesse e tinha apoio da diretoria do projeto:

- Nitch... - Myca não sabia o que dizer para o amigo. Estava decepcionada.

Nitch estava estático, com um olhar muito triste reprovando a si mesmo pela irresponsabilidade que havia colocado os dois ali naquela situação. Agora não poderia fazer mais nada além de obedecer o tirano Rui:

- Por que você não vai se mostrar útil em algum lugar? Saia para que nós possamos trabalhar...

- O Senhor já está passando dos lim...

Antes que pudesse terminar a frase o Doutor lançou um olhar furioso seguido de um tapa com as costas da mão no rosto da garota que foi ao chão imediatamente devido a força da pancada:

- EU SOU O LIMITE! SUMA DA MINHA FRENTE ANTES QUE EU IGNORE A CONSIDERAÇÃO QUE A CORPORAÇÃO TEM PELO CADÁVER DE SEU PAI!

Myca se levantou um pouco zonza pela pancada. Virou as costas e saiu. Seu semblante havia mudado. Um plano vinha em sua mente. Ela estava determinada.

40 minutos após o desmaio...

- Pode liberar o W!

sexta-feira, 8 de abril de 2016

Z: Parte 10

Seu corpo suado se envolvia no meu com um cheiro que exalava puro prazer. Seu cabelo se escorria sobre meu peito molhado da mistura de nossos líquidos corporais já misturados por tantas horas de amor. Não ouvia mais nada além do som da sua respiração ofegante em meu ouvido e o peculiar "nhec nhec" do ranger da cama naquela noite fria. Quando não aguentava mais de cansaço ela subia sobre meu corpo e tomava novamente meu folego enquanto meu corpo em êxtase parecia desfalecer aos poucos e eu ia ouvindo de forma cada vez mais falhada o tom suave de sua voz me chamando, bem longe, até que de repente ficou perto demais:

- FILIPE! ACORDA! O Z FOI APAGADO PELO DOUTOR!
- Myca?! Você não... quer dizer. Você não ouviu nada da minha narrativa, né?
- Era cinquenta tons de cinza?
- N-não... Quer dizer, pode ser! - E que ela nunca saiba dos meus sonhos eróticos com ela.
- Então, o Z está apagado lá no laboratório e você é o único que pode ajudar.

Isso é hora do "Modo louco babão":

- Nhaaaaaa! Eu não sei aonde eu tô! Eu quero melão enfermeira!
- Y... Para...
- Acho que fiz xixi...
-Y! É sério!
- Mas que droga! Eu só quero ficar em paz! Por que você acha que eu sou o único que poderia ajudar o Z numa situação dessa?
- Porque você é o único aqui que se lembra de tudo.
- É, faz sentido. Ei, como você sabe disso?
- Filipe, você é bem ingênuo de achar que nos engana, estamos com vocês aqui todos os dias.
- Tá bom, mas se você me apagarem de novo...
- Hum?
- É, não vai acontecer nada, não vou lembrar mesmo...
- Pois é.
- E como sei que você não está me atraindo para uma armadilha só pra me apagar igual acabaram de fazer com o Z?

Myca tirou o cabelo que cobria a lateral de seu rosto mostrando uma nítida marca de um tapa naquele lado da face. Estava roxo e bem feio. Não podia ser auto-infligido e muito menos ela se deixaria apanhar dessa forma só por uma armadilha, ou ela pode gostar de uns tapas safados de vez em quando:

- Por que tá mordendo o lábio?
- Oi? Não! Não tava!
- Sabia que você é menos hiperativo quando a gente te "apaga"?
- É, talvez as vezes eu precise. Mas enfim, preciso saber o que aconteceu. Não posso ir assim de mãos vazias, sem mais nem menos, nem sei se vou precisar usar meus golpes ninjas e tal.
- Na verdade só precisamos dar um jeito de tirar o Z de lá, você não vai precisar usar golpes ninjas. A não ser...
- A não ser? - repetiu, Y.
- A não ser que seja a sua ultima alternativa de sobrevivência...
- Pera aí...
- É!
- Não!
- Sim!
- Tá falando sério?
- Tô!
- Por quê?
- Não pensei em anda, melhor, Y!
- VAMOS TODOS MORREEEEEEER! - Gritou enquanto se jogava de joelhos no chão jogando os braços pra cima.
- Não exagera, é só você voltar a tempo pro seu quarto e fechar a porta.
- Ele vai me matar!
- Não vai!
- Vai, muito! E depois vai matar vocês usando meu corpo de tacape.
- Que horror, Filipe! É a nossa única chance de salvar o Z e tirar o Doutor daqui.
- Eu vou me arrepender muito disso, né?
- É possível. A não ser que seja rápido...
- Tem certeza mesmo?
- Y! PARA! Não tem outro jeito. Corremos risco de vida. Você é o único que já fugiu dele mais de uma vez. Se tem alguém certo pra fazer isso, é VOCÊ!
- É, eu sou bom.
- Você não presta!
- Mas ainda sou bom.
- Tá pronto ou não?
- Sim!

Eu parecia confiante naquele momento. Mas por dentro eu era uma diarreia com ossos. Meu corpo tremia da cabeça aos pés. Ninguém sabe o terror que é fugir daquele monstro. Se vocês achavam que o pior pesadelo de qualquer um de nós era a presença do Dr. Rui é que nunca sentiram a baforada assassina daquele cujo o quarto fora selado há muito tempo. Parece que a única forma de salvar meu vizinho, sair de herói pra garota dos meus sonhos mais molhadinhos e ainda ter uma chance de fugir esse lugar também poderia ser a minha sentença de morte. Minha missão, atraí-lo para o Doutor. Missão secundária, ficar vivo. Qualquer um dos dois que me pegar primeiro pode significar meu fim, Doutor Rui não sentiria remorso em me jogar para aquela besta fera me devorar.

- Y, você sabe que eu to ouvindo todo esse seu drama né? E que negócio de sonho molhadinho é esse?
- Myca! Não me interrompa! Aliás... Eu estou pronto. - Enquanto assumia uma posição de maratonista pronto pra disparar em corrida pelo corredor a esquerda.
- É pro outro lado.
- Eu sabia! - Se ajustou para o lado oposto enquanto um suor que parecia uma lágrima descia seu rosto. - Pode liberar o W!