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sexta-feira, 8 de abril de 2016

Z: Parte 10

Seu corpo suado se envolvia no meu com um cheiro que exalava puro prazer. Seu cabelo se escorria sobre meu peito molhado da mistura de nossos líquidos corporais já misturados por tantas horas de amor. Não ouvia mais nada além do som da sua respiração ofegante em meu ouvido e o peculiar "nhec nhec" do ranger da cama naquela noite fria. Quando não aguentava mais de cansaço ela subia sobre meu corpo e tomava novamente meu folego enquanto meu corpo em êxtase parecia desfalecer aos poucos e eu ia ouvindo de forma cada vez mais falhada o tom suave de sua voz me chamando, bem longe, até que de repente ficou perto demais:

- FILIPE! ACORDA! O Z FOI APAGADO PELO DOUTOR!
- Myca?! Você não... quer dizer. Você não ouviu nada da minha narrativa, né?
- Era cinquenta tons de cinza?
- N-não... Quer dizer, pode ser! - E que ela nunca saiba dos meus sonhos eróticos com ela.
- Então, o Z está apagado lá no laboratório e você é o único que pode ajudar.

Isso é hora do "Modo louco babão":

- Nhaaaaaa! Eu não sei aonde eu tô! Eu quero melão enfermeira!
- Y... Para...
- Acho que fiz xixi...
-Y! É sério!
- Mas que droga! Eu só quero ficar em paz! Por que você acha que eu sou o único que poderia ajudar o Z numa situação dessa?
- Porque você é o único aqui que se lembra de tudo.
- É, faz sentido. Ei, como você sabe disso?
- Filipe, você é bem ingênuo de achar que nos engana, estamos com vocês aqui todos os dias.
- Tá bom, mas se você me apagarem de novo...
- Hum?
- É, não vai acontecer nada, não vou lembrar mesmo...
- Pois é.
- E como sei que você não está me atraindo para uma armadilha só pra me apagar igual acabaram de fazer com o Z?

Myca tirou o cabelo que cobria a lateral de seu rosto mostrando uma nítida marca de um tapa naquele lado da face. Estava roxo e bem feio. Não podia ser auto-infligido e muito menos ela se deixaria apanhar dessa forma só por uma armadilha, ou ela pode gostar de uns tapas safados de vez em quando:

- Por que tá mordendo o lábio?
- Oi? Não! Não tava!
- Sabia que você é menos hiperativo quando a gente te "apaga"?
- É, talvez as vezes eu precise. Mas enfim, preciso saber o que aconteceu. Não posso ir assim de mãos vazias, sem mais nem menos, nem sei se vou precisar usar meus golpes ninjas e tal.
- Na verdade só precisamos dar um jeito de tirar o Z de lá, você não vai precisar usar golpes ninjas. A não ser...
- A não ser? - repetiu, Y.
- A não ser que seja a sua ultima alternativa de sobrevivência...
- Pera aí...
- É!
- Não!
- Sim!
- Tá falando sério?
- Tô!
- Por quê?
- Não pensei em anda, melhor, Y!
- VAMOS TODOS MORREEEEEEER! - Gritou enquanto se jogava de joelhos no chão jogando os braços pra cima.
- Não exagera, é só você voltar a tempo pro seu quarto e fechar a porta.
- Ele vai me matar!
- Não vai!
- Vai, muito! E depois vai matar vocês usando meu corpo de tacape.
- Que horror, Filipe! É a nossa única chance de salvar o Z e tirar o Doutor daqui.
- Eu vou me arrepender muito disso, né?
- É possível. A não ser que seja rápido...
- Tem certeza mesmo?
- Y! PARA! Não tem outro jeito. Corremos risco de vida. Você é o único que já fugiu dele mais de uma vez. Se tem alguém certo pra fazer isso, é VOCÊ!
- É, eu sou bom.
- Você não presta!
- Mas ainda sou bom.
- Tá pronto ou não?
- Sim!

Eu parecia confiante naquele momento. Mas por dentro eu era uma diarreia com ossos. Meu corpo tremia da cabeça aos pés. Ninguém sabe o terror que é fugir daquele monstro. Se vocês achavam que o pior pesadelo de qualquer um de nós era a presença do Dr. Rui é que nunca sentiram a baforada assassina daquele cujo o quarto fora selado há muito tempo. Parece que a única forma de salvar meu vizinho, sair de herói pra garota dos meus sonhos mais molhadinhos e ainda ter uma chance de fugir esse lugar também poderia ser a minha sentença de morte. Minha missão, atraí-lo para o Doutor. Missão secundária, ficar vivo. Qualquer um dos dois que me pegar primeiro pode significar meu fim, Doutor Rui não sentiria remorso em me jogar para aquela besta fera me devorar.

- Y, você sabe que eu to ouvindo todo esse seu drama né? E que negócio de sonho molhadinho é esse?
- Myca! Não me interrompa! Aliás... Eu estou pronto. - Enquanto assumia uma posição de maratonista pronto pra disparar em corrida pelo corredor a esquerda.
- É pro outro lado.
- Eu sabia! - Se ajustou para o lado oposto enquanto um suor que parecia uma lágrima descia seu rosto. - Pode liberar o W!