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segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Z - Parte 8

O coração estava acelerado. Poderia ser qualquer um ali atrás daquela parede. Um rato talvez? Não... Ratos não batem na parede. O Nitch me pregando uma peça Não... ele não é de brincar sem te olhar nos olhos... Recostei a cabeça na parede tentando ouvir os barulho que cessaram por um momento. Ao encostar a orelha na parede acolchoada vi a morte ou a quase morte passar diante dos meus olhos. Uma lâmina aparentemente muito afiada atravessou a parede bem na frente do meu rosto. Centímetros para a direita e eu seria um cadáver com uma faca atravessada no cérebro.
Num pulo para trás por causa do susto fui capaz de ainda ver a lamina voltando e de repente um chamado inesperado:

- Psst... PSSSST!

Olhei para os lados tentando ver se não era alguma brincadeira ou mais um sonho doido:

- Ei... Vizinho.. Está aí? Ouvi quando você deu uma batida na parede, sei que deve ter alguém... - A voz ficou calada. - Espero que não seja o Nitch ou a Myca, eu estaria em apuros...

Num impulso voltei para perto da parede e resolvi me socializar com a vizinhança inesperada:

- Você quase me matou!
- Oh, então você está aí... Desculpe por te assustar.
- Não foi de susto, você quase atravessou essa coisa pela minha cara.
- E o que você estava fazendo com a cara na parede? Tá achando que é algum tipo de telefone ou o que?
- Engraçadinho... - Por algum motivo, aquele cara já me irritava com o jeito sarcástico de ser com alguém que ele acabara de começar a falar. - Mas então... Você trabalha aqui?
- Sim, trabalho. Sou o furador de paredes oficial desse lugar, às vezes fico entediado e furo crânios alheios... Claro que não, seu estúpido! Assim como você também estou preso neste lugar.
- Preso?
- Vai me dizer que você acredita que estão te ajudando?
- Mas é claro que estão! Eu já comecei até a lembrar algumas coisas da minha vida antiga!
- Ahahahaha! Sério? Que mágico! Estou feliz por você, cara! Parabéns!
- Você está sendo sarcástico de novo, não é?
- E você consegue ser um gênio mesmo sendo tão burro. Acorda, cara! Presta atenção! Quantas vezes você foi apagado assim que estava descobrindo algo de importante sobre esta espelunca?
- Bem, acho que...

Aquilo já havia se passado na minha cabeça quando desconfiei pela primeira vez desse lugar. Mas, com o tempo comecei a confiar novamente na dupla que cuidava de mim o tempo todo. Mas será que é realmente cuidado isso tudo?

- É, já perdeu as contas, né chapa?
- Por que você acha que tem algo errado?
- É só você olhar em volta... Parece teoria da conspiração, mas é só o que esse lugar me mostra...
- E como você sabe ou... ACHA que sabe disso tudo? Como sabe que não foi "apagado" como você diz e acordou desse jeito?
- Simples, brother... Eu finjo que não sei de nada e não preciso mais ser apagado. Fim! algo de ruim está acontecendo aqui e eu preciso que me ajude a sair desse lugar. Até deixo você sair comigo.
- Entendi... E eu saio e vou para onde se não lembro nem meu nome?
- Você vai lembrar, só parar de ser esse manézão e começar a fingir... Agora eu tenho que ir que já tá quase na hora.
- Hora de que?
- Myca vai passar na sua cela..
- Quarto! - Interrompi.
- Como quiser... E o Nitch no meu pra ver se está tudo bem. A propósito, antes de desligar nossa ligação aqui... Como te chamam?
- Z... E você?
- Y. Mas meu nome é Filipe. Me chama como achar melhor, falou? Agora vou desligar. Beijo, tchau!

O pequeno buraco na parede se preencheu com estofado novamente como se ele tivesse posto uma tampa do outro lado. Ou como se minha imaginação tivesse criado tudo aquilo. Não se passou nem um minuto desde que ele falou tudo aquilo e a porta do meu quarto se abriu revelando Myca. Ele estava certo sobre isso... Palpite? Sorte? Alucinação? Eu teria que investigar mais a fundo para saber. Mas aparentemente, tenho um novo companheiro ao lado que pode ter algumas respostas.